A primeira versão deste artigo foi escrita durante estadia de Abdelmalek Sayad no Brasil em outubro e novembro de 1990 -como se pode suspeitar por suas referências a fenômenos sociais brasileiros-, quando fez uma série de conferências e seminários no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional/UFRJ, graças a convênio desta instituição com o Centre de Sociologie de 1’Education et de la Culture (convênio CNPq/CNRS). Especialista em problemas de imigração na Europa -esta fonte da pobreza ‘exótica’ presente nos países ricos-, Abdelmalek Sayad rompe com o etnocentrismo inconsciente, presente no ponto de vista dos países que acolhem os imigrantes, e o faz através do conhecimento das causas da emigração a partir da diversidade das condições e das trajetórias desde os países de origem. Conhecedor íntimo da língua e da tradição cabilas, participante da Guerra da Argélia e testemunha de suas conseqüências sociais -como o ilustram seus trabalhos em colaboração com Pierre Bourdieu, como Le déracinement e “Stratégie et rituel dans le mariage kabyle”-, Sayad se dedica há vinte anos a revelar não só o drama dos imigrantes, mas também as implicações paradoxais que uma sociologia da imigração pode trazer para a sociologia do Estado-nação. Seu livro mais recente, L’immigration ou les paradores de 1’altérité, consolida essas preocupações, fazendo de seu autor um fino e profundo ‘pesquisador do inconsciente’ -não só do inconsciente argelino imigrado, mas do francês e de todos aqueles submetidos ao confronto de duas culturas (Extraído de la presentación del artículo).
Resumen:
O autor recupera a história e as principais características da imigração argelina para a França, enfatizando os diferentes discursos sobre a pobreza numa sociedade que se pretende voltada para a abundância. A pobreza do imigrante é desprovida de estatuto social ou político, sendo tratada através de diferentes estratégias, em que segregação espacial, assistência social, controle político e ação policial se combinam. Mas a antiga imigração temporária, ligada a períodos de trabalho, geralmente de homens, tem sido substituída por uma imigração de povoamento, feita por famílias que se estabelecem na antiga metrópole. Multiplicam-se as áreas de habitação precária - e, com elas, os programas de habitação social,onde cresce uma geração de jovens cuja ciudadania francesa é juridicamente garantida mas socialmente estigmatizada.
O autor recupera a história e as principais características da imigração argelina para a França, enfatizando os diferentes discursos sobre a pobreza numa sociedade que se pretende voltada para a abundância. A pobreza do imigrante é desprovida de estatuto social ou político, sendo tratada através de diferentes estratégias, em que segregação espacial, assistência social, controle político e ação policial se combinam. Mas a antiga imigração temporária, ligada a períodos de trabalho, geralmente de homens, tem sido substituída por uma imigração de povoamento, feita por famílias que se estabelecem na antiga metrópole. Multiplicam-se as áreas de habitação precária - e, com elas, os programas de habitação social,onde cresce uma geração de jovens cuja ciudadania francesa é juridicamente garantida mas socialmente estigmatizada.
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